SER MISSIONÁRIO UMA OPÇÃO DE VIDA

Não é possível ser discípulo-missionário sozinho. Maria entendeu isso muito bem. Nas bodas de Caná (cfJo2,1-11), ela foi sensível à dificuldade dos irmãos e agiu. Pediu ajuda a Jesus, que lhe respondeu: Para que dizes isso? (ou em outra tradução: Mulher o que existe entre nós?) Ficamos frente a uma pergunta. Que resposta dar?
Uma das inquietações juvenis, seja qual for o areópago que o jovem está inserido, está em descobrir o sentido de sua existência neste mundo.  Indagações do tipo quem é você; o que você quer ser; que profissão escolher; ou que tipo de amigos são seus colegas. Aparentemente parecem simples e comum ao universo jovem, entretanto são essas e outras perguntas que nos impulsionam a escolher um determinado caminho para encontrar as respostas.
Durante muito tempo pulsava em meu ser o questionamento: que sentido tem a minha vida e que sentido eu quero dar à minha vida. Meus pais e avós me ensinaram sobre Jesus Cristo desde muito cedo, e eu me identificava muito com o jeito que Ele vivia, rezava e ensina. Queria ser discípula de Jesus, mas é um Mestre tão perfeito, que me parecia quase impossível segui-lo. Além disso, tinha os meus sonhos de ser, me formar, de ser pesquisadora, escritora, de conhecer o mundo. E ainda, o que meus pais sonharam para mim. E como fazer tudo isso e SER FELIZ?
A Comunidade Eclesial de Base Santa Rita de Cássia foi minha manjedoura. Lá descobri que eu sou feliz na comunidade e que eu queria viver em comunidade. Fiz um projeto de vida: ser feliz. A catequese, os trabalhos vicentinos, as visitas no asilo, as celebrações, o terço em família, o grupo de reflexão, me deixavam muito feliz. Tudo isso dava sentido ao meu ser. O curso de pedagogia também foi parte dessa felicidade, ao tempo que era cenário dos conflitos e do fortalecimento da fé.
Todos os conhecimentos acadêmicos construídos, a conquista de um trabalho efetivo, a vida em família e na comunidade, me faziam felizes. No entanto a missão me fez perceber que o projeto Deus é bem maior que o meu, tão amplo que eu não posso estar fora dele. E que ele se baseia no amor. Sem amor somos escravos. Sem amor escravizamos. Quando amamos, percebemos o outro. E deixamos de ser escravos de nós mesmos e de nossas paixões egoístas. Quando amamos percebemos que o mundo foi feito para todos. Que somos compartilhantes e não donos do planeta e dos seres vivos e não-vivos que o compõem. O amor nos faz livres para encontrar a liberdade, escondida em nós mesmos.
A cultura imediatista em que estamos inseridos sugere respostas rápidas e superficiais. Talvez por isso, o que mais nos inquieta, não seja A PERGUNTA, mas AS RESPOSTAS. Não basta descobrir o sentido da própria vida é preciso ajudar o outro também a dar um sentido verdadeiro à sua vida.
A missão deu um sentido verdadeiro ao meu ser. Falta água para ser transformada em mim. Falta vinho para muitos irmãos e irmãs. A resposta de Maria é bem atual: “Faça TUDO que Ele vos disser”.  Naquele dia Jesus deu o primeiro sinal do seu amor, da sua misericórdia, do seu poder, da sua fidelidade ao projeto de Deus. Missão é deixar os sinais de Jesus se manifestarem e perceber esses sinais no meio do povo. Ser missionária é para mim uma opção de vida.
Também sou teu povo Senhor e estou nesta estrada”

Aparecida Alves
Secretária do COMIRE Leste 2

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