Saudade, Revolta ou Esperança?


O mês de novembro, para nós católicos é iniciado com a comemoração de todos aqueles que nos precederam e até mesmo, foram base da história que hoje vivenciamos, com certa continuidade.
Quando falamos em predecessores, referimos àqueles que partiram para a casa do Pai e que gozam da felicidade plena, que nós também que aqui estamos por ela  esperamos um dia,  peregrinos e esperançosos. 
Falar de finados é ativar certo tabu, que para muitos, é incômodo, para outros, refere-se a uma saudade infinita, mas para a maioria é uma revolta, pois ninguém conforma com a passagem da vida terrena para a vida plena junto a Deus.
E celebrar essa data é fazer a memória próxima da realidade que nos faz imbuir de sentimentos, levando-nos a viver uma experiência mais humana e cheia de Deus.  Um certo  filósofo nos diz que: “... só fazemos reflexão profunda e eficaz da vida, quando estamos diante do mistério da morte”. 
Nessas poucas palavras o autor nos remete a uma reflexão eficaz para que possamos viver em paz já na terra, através dos gestos de amor, de bondade e de misericórdia, aliás, todo gesto de amor-doação eterniza a vida. E nos faz entender que a morte é apenas um toque que nos faz encarar a vida com seriedade e sem perder a alegria, pois sabemos que por meio dela ultrapassamos os limites humanos.
Mas o que nos envolve diante disso tudo, e de certa forma, o sentido do nosso viver, e a capacidade que temos de nos colocarmos diante da dor, da perda e do sofrimento, e nesse momento crucial, sentir o quanto a vida é graça, é dom, e ao mesmo tempo o quanto temos de protegê-la e valorizá-la, pois só assim estaremos iniciando a eternidade, uma vez que ela começa através dos gestos sinceros de amor, de justiça e caridade. E nossa fé nunca nos deixa esquecer que Cristo ressuscitou, e assim ele nos deu a certeza digna da ressurreição  para o nosso próprio corpo. Portanto, ferir a pessoa humana, é ferir a própria dignidade da ressurreição de Jesus Cristo.
Que nossos entes queridos possam interceder a Deus por nós a fim que reconheçamos a morte não como revolta, dor e apenas saudade, mas como esperança e certeza de uma  páscoa feliz.


Michel Hoguinele – seminarista diocesano

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