MITRA DIOCESANA DE GUANHÃES
Guanhães, 09 de março de 2.016.
CIRCULAR Nº 03/2015 – ORIENTAÇÕES E SUGESTÕES LITÚRGICAS PARA SEMANA
SANTA
Caros irmãos presbíteros, diácono, religiosas, consagradas, seminaristas,
animadores de comunidade, ministros da Palavra, ministros extraordinário da
Sagrada Comunhão, responsáveis pela pastoral litúrgica, grupos, agentes de
pastoral e todo o Povo de Deus da Diocese de Guanhães.
Saudações fraternas!
“Sempre e por toda a parte trazemos em nosso corpo a morte de Jesus, a fim de
que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo”. (2Cor 4,10)
Na semana santa recordamos os últimos acontecimentos históricos de Jesus de
Nazaré. Não se trata apenas de recordar fatos passados, mas de um memorial que
deve ser atualizado pelos fiéis. A Semana Santa é semana do encontro com o
Cristo-Ressuscitado: nas celebrações litúrgicas, na sua Palavra e na pessoa dos
irmãos da comunidade.
Trata-se da celebração do Mistério Pascal na sua globalidade, sem
fragmentações, embora cada dia seja dedicado a um dos aspectos particulares.
Havia e ainda há o perigo de romper a unidade do Mistério, separando
excessivamente a celebração da morte da celebração da ressurreição.
A liturgia da Semana Santa não é um simples jogo de representação teatral, mas
atualiza sempre o único Mistério Pascal que não pode ser fragmentado.
Para todos nós, para todo o povo cristão, a Semana Santa é a oportunidade para
se fazer um Retiro Espiritual. Neste retiro, a partir de Jesus Cristo, Filho do
Deus Vivo, somos convidados a refletir a vida, a cruz, a morte, a ressurreição,
o amor de Deus por nós, o amor a Deus e ao próximo, o serviço, a doação, a
obediência, a misericórdia, o perdão, a Eucaristia, e a Salvação. Na liturgia
aprofundamos o sentido deste retiro na nossa vida e mergulhamos no Mistério da
Salvação realizada por Cristo.
Sem dúvida alguma, o Tríduo Pascal é o coração desta Semana que é Santa. Não
somente desta semana, mas de todo o ano litúrgico. Por isso requer atenção e
preparação especiais. “Começa com a celebração da Quinta-Feira Santa à noite e
termina com o Ofício da tarde do Domingo de Páscoa. O ponto alto é a Vigília
Pascal. Os três dias são como um desdobramento da Celebração do Mistério
central de nossa fé: o Mistério Pascal.
Na noite da Quinta-Feira Santa celebramos a “Páscoa da Ceia”; recordamos as
palavras e os gestos de Jesus na ultima Ceia, na qual expressou o sentido de
sua vida e morte e nos mandou celebrar sempre em sua memória.
Na Sexta- Feira Santa celebramos a “Páscoa da Cruz”, Paixão e Morte de Jesus, o
Justo; Ele foi condenado injustamente; mas entregou sua vida nas mãos de Deus,
confiando na justiça d´Ele.
No Sábado Santo fazemos memória de sua descida à mansão dos mortos: Jesus se
faz solidário conosco até em nossa morte.
Na Vigília Pascal e no Domingo celebramos a “Páscoa da Ressurreição”, a vitória
da vida sobre a morte”. (Ione Buyst)
01 - A Benção e a Procissão dos Ramos são inseparáveis. Onde não houver
Procissão e Celebração Eucarística, não pode haver Benção dos Ramos (cf.
Diretório Litúrgico – anotações para o Domingo de Ramos na Paixão do Senhor). A
Assembleia se reúne no local, de onde sairá em procissão. Depois da proclamação
do Evangelho da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, faz-se o convite à
Procissão. Durante a procissão, pode-se cantar: “Os filhos dos hebreus”;
“Cristo vence, Cristo Reina”; “Hosana, hey...” etc. Para o Domingo de Ramos, o
espaço da celebração poderá ser ornamentado com ramos (folhas de palmeiras) e
ervas medicinais. Preparar bem e com antecedência a leitura da paixão. Se
necessário ou se achar conveniente pode-se intercalar a leitura da Paixão com
algum refrão adequado. Exemplo: “Prova de amor maior não há”, “Entre nós está”,
“Deus Santo, Deus Forte”, “A morrer crucificado”, “Pai, em tuas mãos entrego o
meu Espírito”, “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?”, outros. Na
procissão de Ramos, levar uma faixa com os dizeres: “Viva Jesus, nosso Rei!”
Não se esquecer da Coleta da campanha da Fraternidade! (Dia 20 de março) O
momento apropriado para cada um entregar seu envelope é o Ofertório, que deve
ser bem solenizado. Recordar a todos que os Ramos bentos são um símbolo de
vitória e de vida, e permanecerão ao longo do ano, como sinal de esperança.
02 - PROCISSÃO DO DEPÓSITO – Acontece no Domingo de Ramos, à noite, ou na
Terça-Feira Santa, também à noite. Após a Celebração da Santa Missa, os homens
levam a imagem do Senhor dos Passos para a Capela do Cemitério ou outra, e as
mulheres levam a imagem de Nossa Senhora das Dores também para outra Capela. A
Capela que acolhe cada uma das imagens é chamada de Depósito. Essa procissão
noturna se chama também de transladação. Em algumas comunidades a imagem é
velada durante toda a noite. Para as procissões podem levar velas. Usar
paramentos roxos.
03 - PROCISSÃO DO ENCONTRO – Na Quarta-Feira Santa, à noite, as mulheres fazem
uma procissão com a Imagem de Nossa Senhora das Dores, com cantos penitenciais,
com as figuras bíblicas das “mulheres piedosas”: Verônica, que teria enxugado o
rosto ensangüentado de Jesus numa toalha, na qual ficou estampada a sua face;
Maria Madalena e outras mulheres que acompanharam a caminhada de Jesus para o
Calvário. Outra procissão é feita só pelos homens, que carregam a imagem do
Senhor dos Passos. Cada um dos grupos realiza as três primeiras estações da
Via-Sacra. Na quarta estação os dois grupos se encontram e rezam juntos “O
Encontro de Jesus carregando a Cruz com a Sua Mãe, a Senhora das Dores”. Após
rezarem juntos a quarta estação o Pregador faz o Sermão, uma dramatização da
cena,
recordando o que aconteceu na Sexta-Feira Santa. Faz um apelo à
conversão, recorrendo à dramaticidade da
dor de Nossa Senhora e das Dores e sofrimentos de Jesus. O sermão
tem o costume de ser mais exortativo e até moralizante. Após o sermão, a
Verônica entoa um hino e mostra a toalha ensangüentada com a face de Jesus. Na
procissão podem usar velas. Usar paramentos roxos.
04 - Na missa do Crisma, dia 17 de março, Quinta-Feira, às 19 horas, na Sé
Catedral, os presbíteros renovam os seus compromissos sacerdotais e pastorais.
05 - Na Quinta-Feira Santa, no final da celebração, não há Procissão solene com
o Santíssimo Sacramento na Custódia ou Ostensório. O Tabernáculo deve estar
vazio no início da Celebração e serem consagradas partículas para a própria
Celebração e para a Comunhão na Sexta-Feira Santa. A reserva Eucarística (que
servirá para a comunhão dos fiéis na Solene Ação Litúrgica na Celebração da
Paixão do Senhor) deve ser transportada numa âmbula maior coberta pelo véu
umeral usado pelo sacerdote na transladação, ate o local (Capela, Salão...)
devidamente ornado, para a reposição. Onde houver a Urna, usada antigamente, a
reposição da âmbula com as espécies consagradas, seja efetuada na mesma. No
lugar da Urna, pode ser usado um sacrário maior. Onde não for possível nem Urna
e nem sacrário maior, a âmbula com a reserva Eucarística permaneça coberta com
um véu (conopeu) como é costume em nossas paróquias. Neste dia não há exposição
solene do Santíssimo Sacramento. Os fieis sejam exortados a fazer pelo
menos uma hora de vigília, na Quinta-Feira, após a celebração da Ceia do
Senhor, ou na Sexta-Feira pela manhã, em profunda comunhão com o Senhor em sua
Paixão. Vale ressaltar que não se trata de Adoração, mas de Vigília. Jesus nos
convida a vigiar com Ele. Na Quinta-Feira Santa Voltam as flores e a cor branca
ao espaço celebrativo. O ambão pode ser ornamentado com a menorah e com flores.
Usar incenso com abundância. O comovente rito do Lava-pés seja bem apresentado,
com uma exortação à comunidade para que se dedique ao serviço dos mais
necessitados.
06 - A cor usada na Solene Ação Litúrgica na Sexta-Feira Santa, às 15h, é a
vermelha, ressaltando a realeza e o martírio de Jesus. Lembrar de fazer a
Coleta para os Lugares Santos. Valorizar a procissão da Sexta-Feira Santa, com
a imagem do Senhor Morto e da Virgem das Dores. A referida procissão está no
coração do povo cristão católico e constitui-se numa oportunidade singular para
evangelização sobre o significado do sofrimento, da morte e da vitória de
Jesus. Com Ele caminhamos, com Ele morremos e com Ele ressuscitaremos. Onde não
for possível Procissão, organize-se uma Via-Sacra ou uma Celebração Penitencial.
Para a Procissão, Via-Sacra ou outra Celebração, a cor é a roxa.
07 - SERMÃO DAS SETE PALAVRAS E PROCISSÃO DO SENHOR MORTO – Acontece na
Sexta-Feira Santa. Prepara-se um Calvário, com o Senhor Crucificado,
acompanhado de algumas figuras bíblicas: Nossa Senhora das Dores, Maria
Madalena, Verônica, as mulheres de Jerusalém (Beús), São João Apóstolo, Abraão
e Isaac com um feixe de lenha e Moisés com as Tábuas da Lei representando o
Antigo Testamento. O Pregador representa de forma dramática a Morte de Jesus,
fazendo alusão às suas sete últimas palavras. Alguns personagens representando
os discípulos ajudam a tirar o crucificado da cruz, após a pregação que o
sacerdote faz para cada gesto da descida da cruz. Tiram-se a coroa de espinhos,
os cravos, os braços e depois o corpo. As personagens que despregam o
crucificado têm o costume de se vestir de soldado romano ou usam uma túnica com
um capuz na cabeça. Após o sermão da descida da cruz, também chamado
de Sermão do Descendimento, a imagem do Senhor Morto pode ser colocado
no colo de uma jovem vestida de Maria, que pode entoar um canto dramático,
acariciando o Filho morto. Em seguida a imagem é colocada num esquife
funerário. Em silêncio e, com muita dor e piedade, é acompanhado em procissão
pelas pessoas. Usam-se matracas e entoam-se cantos de dor e piedade. É costume
também o acompanhamento de uma banda que executa músicas fúnebres. Há ainda o
costume de se beijar o Senhor Morto após a chegada à Igreja, com clima de
piedade, tristeza e meditação. Alguns fazendeiros não tiram leite nesse dia ou,
quando tiram, dão para os pobres ou para uma instituição de caridade: asilo,
creche ou orfanato.
08 - SUGESTÃO DE ESQUEMA PARA O SERMÃO DAS SETE PALAVRAS:
AS SETE PALAVRAS DE CRISTO NA CRUZ
I – Comentarista: Boa noite a todos!
Irmãos e irmãs em Cristo! Sejam todos bem vindos!
Estamos reunidos para refletir e meditar as últimas Palavras de Cristo na Cruz.
Estamos todos, desde às 15 horas, celebrando a Paixão e a Morte d’Aquele que se
sacrificou por nós para nos conduzir ao Pai. Suas últimas Palavras no alto da
Cruz sintetizam tudo o que Ele viveu e ensinou enquanto esteve conosco.
Deixemos que suas Palavras, uma a uma, toquem profundamente os nossos corações.
Como nosso Mestre, Ele anuncia sua última mensagem, mais com o coração do que
com a voz já por se extinguir.
Acolhamos o Pregador e toda a sua equipe, cantando.
(Entram sete homens vestidos de preto trazendo cada um uma vela grande
que será colocada num candelabro – menorah - ou em uma mesa. No cenário devem
estar sete flâmulas roxas, com as Palavras de Cristo. As flâmulas devem estar
enroladas, de modo que possam cair ou embaixo, de modo que possam ser
levantadas. Cada Palavra que é anunciada pelo Pregador um homens se levanta,
apaga uma vela e solta ou levanta a flâmula referente aquela palavra.
II – Canto de Entrada
III – Pregador - Acolhida
IV - Pregador: 1ª Palavra de Cristo na Cruz: “Jesus dizia: Pai,
perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem”. (Lc 23,34)
O 1º homem dirige-se ao candelabro ou à mesa e apaga a primeira vela
Depois se dirige à flâmula para soltá-la ou levantá-la
O pregador convida a ficarem de joelhos, se for possível
O coral entoa um canto referente à Primeira Palavra
O pregador, após o canto convida a ficarem de pé, se já não estiverem
O Pregador faz a Reflexão sobre a primeira Palavra. Reza um Pai- Nosso e
uma Ave-Maria. Após, já anuncia a Segunda Palavra e repete-se o esquema, e assim
sucessivamente.
(O esquema se repete a cada Palavra de Cristo na Cruz)
V – Pregador: 2ª Palavra de Cristo na Cruz: “Jesus lhe respondeu: Em
verdade eu te digo: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. ( Lc 23,43)
VI – Pregador: 3ª Palavra de Cristo na Cruz: “Ao ver sua mãe e, do lado
dela, o discípulo que Ele amava, disse à mãe: Mulher, este é o teu filho.
Depois disse ao discípulo: Esta é a tua mãe! Dessa hora em diante, o discípulo
a acolheu consigo”. (Jo 19, 26-27)
VII – Pregador: 4ª Palavra de Cristo na Cruz: “Pelas três horas da
tarde, Jesus gritou com voz forte: Eloi, Eloi, lama sabachitani, que quer
dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”
VIII – Pregador: 5ª Palavra de Cristo na Cruz: Depois disso, Jesus,
sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o
fim, disse. Tenho sede”. (Jo 19, 28)
IX – Pregador: 6ª Palavra de Cristo na Cruz: “Ele tomou o vinagre e
disse: Tudo está consumado”. (Jo 19,30)
X – Pregador: 7ª Palavra de Cristo na Cruz: “E Jesus deu um forte grito:
Pai, em Tuas mãos entrego o meu Espírito”. (Lc 23,46)
XI – Entrada dos personagens bíblicos que irão compor o Calvário:
Pessoas vestidas a caráter conforme o item anterior.
Canto ou trilha sonora
XII – Quando todos os personagens estiverem olhando para a Cruz o
Pregador faz o Sermão do Descendimento do Cristo da Cruz.
Canto ou trilha sonora
XIII – Reflexão sobre o corpo e a morte
XIV – Canto da Verônica
XV - Procissão
Banda ou trilha sonora
(Os cantos devem corresponder à Palavra que será meditada)
09 - Preparar o espaço celebrativo para a solene Vigília Pascal – “Mãe de todas
as Vigílias”. O Círio Pascal ornamentado deve permanecer junto ao ambão e ser
acesso em todas as celebrações do tempo pascal, apagado solenemente na Missa
Vespertina do Domingo de Pentecostes, levado para junto da Pia Batismal e ser
acesso para as Celebrações do Batismo e da Crisma.
10 - O Tríduo Pascal constitui-se numa unidade; tem início com a solene Missa
Vespertina da Ceia do Senhor, como centro a Vigília Pascal, e encerra-se com as
Vésperas do Domingo da Ressurreição. Na comunidade onde houver a Celebração da
ceia do Senhor, deve haver a solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor e a
Vigília Pascal. Os ministros leigos da Palavra e do Culto, nas suas respectivas
comunidades, com a anuência do pároco ou do administrador paroquial, podem
realizar o Tríduo Pascal, com as adaptações litúrgicas necessárias.
11 - No tempo da Páscoa, para a Benção final, usar as orações sobre o povo e as
Bênçãos próprias do tempo litúrgico (cf. Missal Romano pp. 522-524)
12 - Os livros “Vivendo a Semana Santa”, da editora Santuário e “Liturgia –
Sugestões para dinamizar as Celebrações”, de José Carlos Pereira, Vozes, trazem
ótimas contribuições para nós, Ministros Ordenados, e também para as equipes de
liturgia. Aproveitem! Lembrar que o melhor instrumento é o Missal Romano
com suas orientações e rubricas.
Na alegria do Cristo Ressuscitado, desejo a todos uma Santa Semana Santa e uma
Feliz Páscoa.
Que o Bom Deus abençoe a todos!
Dom Jeremias Antônio de Jesus
Bispo Diocesano
“Fiat Voluntas Tua”
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