As
atualizações da misericórdia de Deus. Uma reflexão
“A misericórdia é
luz que vem com o amanhecer do arrependimento”
Mais vale o pecador
arrependido do que a história do pecado. Diante desta máxima, quem se predispõe
a uma boa leitura do capítulo quinze de Lucas, com certeza, vai enriquecer sua
visão sobre as atualizações da misericórdia de Deus. Este capítulo mostra Jesus
narrando três parábolas que no seu conjunto doutrinal, vislumbram a pedagogia
da misericórdia, adicionando seu objetivo prático. Algo é tão forte que até os
fariseus e os escribas murmuravam: “Os coletores de impostos e os pecadores
aproximam-se para ouvi-Lo… este Homem dá boa acolhida aos pecadores e come com
eles” (Lc 15, 1). A misericórdia é como um GPS sempre nos guiando, para Deus.
Antes de todo e qualquer amanhecer, Deus atualiza sua misericórdia. Já nos diz
São Pe. Pio: “Arme-se com a “arma” da oração, e terá mais força no combate
diário”. Para dar todo um brilho especial à misericórdia, Jesus nos acalenta
com a parábola da ovelha perdida (Lc 15, 3 – 7). Na simplicidade de sua
exposição Jesus oferece-nos uma grande aportunidade para nunca nos sentirmos
abandonados. Ele deixa as noventa e nove e vai procurar a que se perdeu (Lc 15,
7). Quantas vezes, na vida, abandonamos nossa consciência, desprezamos nosso
coração e sentimentos, indo para longe de nós mesmos. É, precisamente, neste
momento que todo o Céu vem ao nosso encontro. A parábola dá ênfase à ovelha.
Esta ovelha pode ser eu ou você. Jesus não a abandona e mal trata, ao
contrário, acomoda cheio de alegria sobre os ombros (Lc 15, 5). Veja é que a
parte superior do corpo (ombros), logo sua santa e infinita misericórdia.
Vivendo na era
digital, onde todas as informações são atualizadas automaticamente, não devemos
esquecer das atualizações humanas. Embora a pessoa não possua o digital, tão
conhecido no maquinário dos celulares, tabletes, computadores, antivírus e
outros, jamais pode ser privado da memória, a grandeza de adquirir hábitos
sociais e cristãos, de polir, a consciência, coração e sentimentos. O Papa
emérito Bento XVI nos alerta: “O pecado é sempre uma ‘droga’, mentira de falsa
felicidade”. E ainda: “Sem orientação à verdade toda a cultura se desfaz, decai
no relativismo e se perde no efêmero”. Por isso, termos O Sacramento da
Reconciliação que sempre nos atualiza com Deus e conosco. A Sagrada Escritura
tem todas as atualizações necessárias a quem quer vivenciar à misericórdia de
Deus. São muitas as parábolas, episódios e narrações que nos levam a pensar que
o Pai sempre quer fazer a festa e jamais a história do nosso pecado (Lc 15, 11
– 32). Como foi bom escutar de Jesus o que a mulher pecadora ouviu: “Se ninguém
te condenou Eu também não te condeno” (Jo 8, 7-11). Outro texto nos diz: “…era
preciso festejar e alegrar-se porque este teu irmão tinha morrido, e está vivo;
estava perdido, e foi reencontrado” (Lc 15, 32). Como esta parábola é bem
ilustrativa para nos sentirmos bem atualizados na misericórdia da Deus.
Outro sentimento
cheio de misericórdia e ternura é a parábola da moeda perdida (Lc 15, 8-10).
Aqui vemos o sentido do privado, dano e prejuízo. Não existe nada pior do que
ver o que conquistamos com tanto amor e labuta ser sumido, desaparecido e
extraviado. A parábola fala de uma moeda. Isso demonstra que não é o muito que
causa o desgosto, mas o dano que fazemos quando perdemos algo de precioso em
nós. O remorso, a paz, o incomodo de uma palavra, um telefonema, ofensa,
desconfiança, traição… entre outros, podem trazer danos que para supri-los
precisamos acender uma lâmpada, varrer a casa e procurar com cuidado até nos
encontrar (Lc 15, 8). A lâmpada e o varrer nada mais são do que a misericórdia
de Deus. Quem se sente com prejuízo em alguma coisa, logo paira em seu existir
uma escuridão, ficando inerte sem saber onde está. Eis que a
misericórdia é luz que vem com o amanhecer do arrependimento. Já nos diz
São Boaventura: “aproxime-se confiando na misericórdia de Deus. Seja lá o que
for que você perdeu e que lhe causou dano, a misericórdia de Deus lhe devolve
tudo com garantia. O Papa Francisco logo no inicio do seu Pontificado, disse:
“Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão”.
“A paciência de Deus é a sua misericórdia”. Citando o cardeal Walter Kasper, o
Papa disse ainda: “A misericórdia muda tudo; torna o mundo menos frio e mais
justo”. Seja um (a) apaixonado da misericórdia de Deus. Pense nisso.
Côn. Dr. Manuel
Quitério de Azevedo
Prof.º do Seminário
de Diamantina e da PUC-MG
Membro da Academia
de Letras e Artes de Diamantina – (ALAD).
Membro da Academia
Marial – SP
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