Maria Madalena amava
Jesus. No Evangelho de João, no relato da Ressurreição do Filho de Deus, o
texto narra que ela, na madrugada do primeiro dia da semana, tendo guardado o
sábado, foi ao túmulo de Jesus e o encontrou sem a pedra. Correndo, foi ao
encontro de dois dos discípulos contar que haviam tirado o corpo de seu Senhor
do túmulo. Pedro e o outro discípulo correram ao túmulo e o encontraram como
Madalena havia dito. Depois de entrarem e perceberem os vestígios da ausência,
voltaram para casa. Maria Madalena permaneceu (cf. Jo 20,1-10).
Chorou a dupla
ausência de seu Senhor: a primeira, por sua trágica morte; a segunda, pelo
desaparecimento de seu corpo. Olhando para o túmulo, viu dois anjos, que a
perguntaram o motivo pelo qual chorava. “Levaram o meu Senhor e não sei onde o
colocaram” (Jo 20,13). Voltando-se para trás, viu um homem, a quem pensou ser o
jardineiro. O homem lhe faz a mesma pergunta feita pelos anjos. Ela não
respondeu. Ao contrário, interpelou-o: “Senhor, se foste tu que o levaste,
dizei-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo” (Jo 20,15). Quanto amor!
O homem, que era
Jesus, chamou-a pelo nome: “Maria!”. Bastou a ela uma palavra, a sua palavra, para que reconhecesse seu
Senhor. Reconheceu-o como “Mestre”, devotando-lhe seu amor de discípula. Quis
agarrá-lo para si, para que nunca mais partisse. Jesus, porém, diz a ela para
não retê-lo, pois seu lugar é junto do Pai. Confere a ela uma missão: “Mas vai
dizer aos seus irmãos [...]” (Jo 20,17). Torna-se a Apóstola primeira da
Ressureição: “Eu vi o Senhor” (Jo 20,18).
As tradições dos
evangelhos conferem a Madalena um lugar singular: a que amava o Senhor e a que
se tornou Apóstola dos Apóstolos. O texto de João, que aqui rememoramos, traz
elementos que nos levam a pensar o amor cantado no Cântico dos Cânticos: o
jardim do encontro, lugar das delícias; o desejo do toque, da retenção do
corpo, para que não haja mais separações; o reconhecimento pelo nome, lugar da
intimidade. Madalena amava a Jesus, o seu Senhor e Mestre, pelo papel
desempenhado por ele em sua vida: o reconhecimento de sua dignidade de pessoa,
de mulher, de autêntica discípula.
Ao longo da história,
muito se especulou sobre essa mulher ímpar. Contribuindo com um olhar
histórico-teológico, o artigo Maria Madalena:
“Àquela que é igual aos apóstolos”, do Pe. César Thiago,
mestre em teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE),
possibilita-nos compreender as transformações da compreensão que se teve de
Maria Madalena, ao longo da história da Igreja, e a importância de conferirmos
a ela o lugar que Jesus mesmo a deu: de Apóstola da Ressurreição.
Hoje, 22 de julho de
2016, dia em que se comemora a vida feita amor de Madalena, e sua singular
participação na Ressurreição de Jesus, a Igreja celebra de um jeito novo: já
não como memória obrigatória, mas como Festa da Igreja, segundo motivação
proposta pelo Papa Francisco. Ajudando-nos a compreender o que significa essa
mudança litúrgica, e seus desdobramentos pastorais, o Pe. Danilo César,
liturgista, pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo, em Roma, e
professor da PUC Minas, propõe-nos o artigo: Festa de Santa Maria
Madalena, “Apóstola dos Apóstolos”.
Aos discípulos e
discípulas de hoje, o amor de Madalena por Jesus e por sua missão é inspiração.
Propondo-nos uma reflexão teológico-espiritual do que significa deixar-se
encontrar por Jesus, tal como em Maria Madalena, a Ir. Ana Maria de Castro,
PFSJ, mestra em teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE),
apresenta-nos o artigo: Maria Madalena,
Apóstola do Ressuscitado, no qual nos oferece uma leitura
bíblica e espiritual do papel de Maria Madalena, no anúncio da Ressurreição de
Jesus, como inspiração para nosso apostolado, hoje.
Boa leitura!
*Felipe Magalhães Francisco: é mestre em
Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão
Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Coordena,
ainda, a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas
Imprevisto (Penalux, 2015).
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