Olimpíadas 2016: Citius, Altius, Fortius

Iniciam as Olimpíadas na cidade do Rio de Janeiro, nos ocuparão praticamente todo o mês de agosto. Que significado elas têm para nós? Que e quem está detrás dos jogos e o que está em jogo? A Igreja Católica especialmente a partir de Pio XII viu com simpatia a proposta de Pierre de Coubertin que fez aprovar as Olimpíadas Modernas em um Congresso em Paris em 1894. 
O Papa as enquadrava dentro de uma educação harmoniosa que certamente trabalhava importantes princípios e valores( lealdade, coragem, integridade, jogo limpo, respeito). Já o Papa Paulo VI se detinha a destacar os vínculos de paz, tolerância e diálogo intercultural entre os povos. Este enfoque é o que vemos na dimensão cultural e pedagógica das Olimpíadas e merece relevância. No entanto não podemos esquecer outros aspectos não tão salutares,mas que tem incidência. 
A propaganda e ingerência cada vez maior dos Estados, os ministérios dos esportes  que fazem ou defendem  uma proposta manipuladora, autoritária que já vimos nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. A espetacularização tornou as Olimpíadas num negócio rentável que não vende apenas produtos e mercadorias esportivas com a grife do Comitê, mas a própria cidade se torna objeto de especulação imobiliária e viária(transportes). 
Ainda a dimensão simbólica de lazer de massas, desperta sentimentos e emoções fortemente agressivas que leva o filósofo Paul Weiss a afirmar: "Não há prova alguma de que o esporte em escala nacional ou internacional ajude a promover ao menos uma elementar boa vontade". A bioética questiona os atos ilícitos esportivos e os esportes ilícitos. Como atos ilícitos certamente o doping, a comercialização e desumanizacão dos atletas, a violência e o risco, além de controles com abusos de esteroides e substâncias hormonais que alteram os organismos. 
Como esportes ilícitos,  sempre como aconteceu na XXXV Assembléia da Associação Médica Mundial em Veneza de 25 a 28 de outubro de 1983,  tem se feito denúncia de prejuízos graves do boxe para os atletas, a caça de animais, o motociclismo e o automobilismo sem as devidas precauções, exigindo-se maiores medidas de segurança. Para nós pastores importa saber onde dormirão os pobres, porque o legado das Olimpíadas tem sido empurrá-los para longe da cidade.
Que o Senhor da Vida e Pai de todos os povo e nações nos permita ter uma Olimpíada justa e pacífica, que nos impulsione a vencer na batalha da erradicação da pobreza, da corrupção e da falta de cidadania. Deus seja louvado!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos - RJ

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