A Igreja vem dizendo desde tempos remotos que a Palavra de Deus é para
ser “escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada”. O método
tradicional que a Igreja usa é o da “Leitura Orante da Bíblia”, em latim, a
“Lectio Divina”. Esta forma privilegiada para se aproximar da Sagrada Escritura
é a que melhor introduz ao conhecimento de Jesus Cristo e melhor conduz ao
encontro pessoal com Ele. Pois, como escreveu São Jerônimo, “Conhecer a Bíblia
é conhecer a Cristo, desconhecer a Bíblia é desconhecer a Cristo”. E o que há
de mais importante na vida do que conhecer e amar a Jesus Cristo? Na Escritura
se lê que neste mundo “nada deve se antepor a Jesus Cristo”. Jesus Cristo é o
Messias, o Salvador, o Senhor. Paulo Apóstolo, depois que fez a experiência do
encontro com Jesus Cristo, tornou-se apaixonado por Ele e o demonstrou com
expressões de afeição e adesão de extraordinária beleza e profundo significado,
como estas, por exemplo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.
Minha vida presente na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se
entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20); “Pois para mim o viver é Cristo e o
morrer é lucro” (Fl 1, 21); “Mas o que era para mim lucro tive-o como perda,
por amor de Cristo. Mais ainda, tudo considero perda, pela excelência do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele, perdi tudo e tudo tenho como
lixo, para ganhar a Cristo e ser achado nele,..” (Fl 3, 7-9).
Meditemos o Evangelho da Missa de hoje, tirado de Lucas 16,19-31. Jesus
conta a parábola de um homem rico e de um pobre chamado Lázaro. O rico vivia na
fartura dos bens, no luxo do vestir, no prazer das festas esplêndidas todos os
dias. Lázaro, cheio de feridas, se contentava com os cachorros que vinham
lamber suas feridas. E faminto, desejava matar a fome com as migalhas que caíam
da mesa do rico. Vindo a morrer, os anjos o levaram para junto de Abraão.
Depois morreu o rico e foi levado para a região dos mortos, onde passou a
sofrer em meio aos tormentos. Deste lugar, o rico via de longe Abraão, com
Lázaro a seu lado. Então, gritando por socorro, pedia a Abraão para que
mandasse Lázaro molhar a ponta do dedo com água para lhe refrescar a língua,
porque sofria muito naquelas chamas. Abraão respondeu: Lembra-te que durante a
vida tu recebeste bens e Lázaro, males. Agora ele encontra consolo e tu,
tormentos. Além do mais, há um grande abismo entre nós, ninguém daqui pode
passar até aí, nem daí, até aqui. Então, num repente de bondade, o rico pediu a
Abraão para que Lázaro pudesse ressuscitar e ir até à casa do seu pai e
familiares, a fim de preveni-los para não virem também eles para este lugar de
tormento. Mas Abraão respondeu que eles têm Moisés e os profetas, bastando que
os escutem. E concluiu: “Se não escutam a Moisés nem aos profetas, eles não
acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos”.
Dom Caetano Ferrari
Diocese de Bauru
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